Ontem há noite mataram um rapaz aqui de Santa Teresa, o Rafael. Ele entregava pizza e trabalhava durante o dia para duas editoras.
Ralava o dia todo e a noite também.
E talvez ele tenha entregue uma pizza para mim ontem a noite.
Nâo sei bem. Não o conhecia. Mas era meu vizinho.
Estou perplexa.
Foi morto porque saiu da casa da avó na Coroa na hora errada. Executaram ele, depois de ferido, segundo uma testemunha.
Já mataram uns 20 há pouco tempo aqui perto, no bairro.
É mais um que vão dizer que reagiu, coisas assim.
Mais um que foi, como o DJ que foi morto na Fallet, no dia das mães.
Mais um, mais um, mais um.
A redução da maioridade penal, pelo visto, vai fazer a PM do Rio matar mais uns deles mais novos ainda. Ele tinha 20 anos.
E nós aqui, vivendo do lado de vizinhos que não tem ainda o elementar direito de ir e vir e de ser julgado de acordo com os procedimentos legais, se for o caso.
Aqui no Rio, a sentença para jovens negros, por acaso brincando, andando de moto, saindo da casa dos parentes na hora errada tem sido frequentemente a morte.
Gostaria de conseguir me irmanar politicamente na dor da mãe dele.
E que mais gente fizesse isso do jeito que pudesse.
Talvez assim a potência dessa dor mudasse algo de fato.
Para eu não ter medo de bala perdida. Para eu não ter medo da polícia.
segunda-feira, 29 de junho de 2015
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