quinta-feira, 21 de junho de 2012

As loucas barrageiras

Queria ter vaiado a ministra Isabela Teixeira no último sábado, no início da Cúpula dos Povos da Rio+20,. Ela estava no fim da manhã na Arena Socioambiental, impune. Eu, sinceramente, não gosto de fazer isso sozinha. E estava com minha filha pequena. Tem que se pensar nas consequências dessas atitudes, estando-se com uma criança. Mas, realmente, lamentei. Até  sugeri para o pessoal do Greenpeace. Talvez tenha sugerido mal, sei lá. Em suma, ela passou impune pela Cúpula dos Povos da Rio+20. Mas ontem, dia 20, durante a passeata, me certifiquei da importância de o PT pelo menos não ter perdido o hábito de financiar reuniões de base. A Cúpula me lembra muito os Fóruns Sociais Mundiais e não devemos esquecer que há muita força nessas reuniões. Senão, não era a primeira medida das ditaduras: proibir reuniões de um tal número de gente. Apesar do risco de "reunite", pessoas que pensam e tem problemas semenhantes se agregarem em reuniões, debates e passeatas tem efeitos inesperados. A democracia provoca efeitos inesperados, graças à Deus! E uma passeata festiva, com poucia publicidade na mídia main stream tem uma função interna super importante. A gente se reconhece. Vê que está na "parada" e vê mais ou menos a força dessas idéias. É uma energia festiva, politizada, importante. Acho que, pelo menos, desde a Revolução Francesa o povo efetivamente faz da luta uma festa e se reenergiza com ela para seguir  adiante. Mas como sempre, o grande problema é identificar e neutralizar os inimigos. E a ditadura ruralista do governo Dilma realmente requer habilidade política para o enfrentamento. A "louca barrageira" - como bem definiu um cartaz empunhado bravamente  por um grupo de antropólogos, a   "fantoche dos ruralistas" - by SOS Mata Atlântica -  e das empreiteiras que mandam nesse país, representa o PT envergonhado, o PT encolhido, que ao invés de ousar as transformações profundas que o país precisa, atacando de fato o monopólio fundiário,  fortalece como nunca antes se viu, no pós-ditadura militar,  a turma do atraso, que monopoliza riqueza e recursos naturais de uma forma criminosa e ofensiva para a sociedade brasileira, ameaçando cada vez mais o que ainda temos de melhor nos nossos sertões: rios, florestas abundantes, culturas rústicas e ecologicamente sábias, em suma, conhecimento e formas de vida que são cada vez mais estratégicos em um mundo colapsado pela iminente mudança climática. Como cidadâ, acho insuportável  essa contradição de receber uma Rio+20 e ter um quadro de mudança institucional como a do Código Florestal, este, curiosamente uma lei  da ditadura militar, de quando nem se falava em ecologia. Ate a nossa ditadura era mais avançado ecológicamente do que a Dilma. Criou essa lei escutando a ciência, especialistas e não a bancada ruralista, como vergonhosa participação do PCdoB. De fato, um dos primeiros movimentos de luta ambiental no mundo começou no Rio Grande do Sul: a AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), fundada em 1971 e que teve como primeiro presidente José Lutzemberger,. Éramos a vanguarda até. Incrível o PT chegar ao poder e preferir, ao invés de promover as mudanças sociais que o Brasil precisa,  fazer o trabalho sujo para a direita em troca da sua manutenção no poder. Como se fosse possível implantar o rumo que esse país pode ter  como destino: ser a vanguarda da criação de um modo de vida  socialmente justo e ecologicamente sustentável, sujando as mãos nos almoços e jantares como nossos inimigos.