sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"Atestados de veracidade para a história"


É efetivamente preocupante vir estampado nos jornais da mídia hegemônica a visão do atual presidente da Associação Nacional dos Jornais", Marcelo Rech, que atribui aos membros deste grupo, os maiores conglomerados de mídia comercial do Brasil, a capacidade de serem "certificadores profissionais da realidade".
Sei que estamos em plena disputa de narrativas: "golpe" e o "não é golpe". E é justamente por isso que eles perderam esse lugar de "certificadores". Eu e muitos que pensam como eu não vêem suas idéias e percepções difundidas também por eles. É tão evidente a manipulação deste grupo de famílias que faz parte da Associação Nacional dos Jornais"(ANJ) sobre o que para eles é a realidade política deste país que eles deixaram de ser referência para mim. Eu não vejo boa parte da realidade política deste país expressa nestes jornais. A realidade que eles criaram não corresponde a que eu vejo.
Um amigo meu, jornalista espanhol, Bernardo Gutiérrez, percebeu isso durante a campanha de reeleição do Lula, em 1996.
Tudo bem. Muitos vão dizer que eu sou uma pessoa militante, de esquerda, etc., mas essa é que era a graça. Antigamente, mesmo minoritariamente, a gente via "notícias", ou seja, fatos construídos como dignos de serem vistos e difundidos, que correspondiam ao que eu, enquanto cidadã de coloração de esquerda mais ou menos assistia. Com graves deslizes, como a "degola" que não houve no conflito da Praça da Matriz, em 1990, mas geralmente, correspondia.E eu continuava a lê-los.
Hoje nem me dou ao trabalho.
Compro jornal de vez em quando, e uma vez por semana para saber as estréias de cinema. E como eu, vários desistiram.
Sempre foi pelo cinema que eu lia jornais. Voltei a lê-los pelo cinema e nada mais.
Mas realmente é muito pouco para uma função importante e pública que infelizmente esta turma da a ANJ não respeita mais.
Òbvio que em tal desvantagem, o meu lado, "esquerda" de vários matizes, também deve apelar para distorções aqui, acolá. Mas geralmente estou confiando mais neles.
Pois eles traduzem algumas coisa que eu realmente experiencio na minha realidade circundante, ou melhor, nas percepções da realidade que eu compartilho com vários de vocês.

sábado, 13 de agosto de 2016

A fatla de coragem política e a educação

A falta da coragem política e a educação

Por Débora F. Lerrer

 Como faz falta a coragem política, ou o que Gramsci chamava de “jacobinismo na ação” no cenário nacional, hoje coalhado de medíocres políticos.
Sinto pena que o Brizola tenha decidido partir dessa para melhor no início do Governo Lula por que ele teria sido um farol para evitar esses desastres políticos proporcionados pelo PT em seus últimos mandatos e talvez mais sábio em lidar com as manobras golpistas que vicejam no ambiente político brasileiro.  Diga o que quiser do Brizola, mas era corajoso. Não foi bom na construção de um partido. E, além disso, foi golpeado. Roubaram dele a sigla PTB, mas se  não fosse um político grandioso, o próprio PDT não teria vingado.
Tem que olhar em perspectiva. Pensar adiante.
Por exemplo, agora estamos em uma espécie de janela demográfica. A tarefa mais importante de qualquer grupo que esteja no poder hoje é simplesmente encontrar alguma forma de enfiar todas as crianças vulneráveis em escolas, dá-las assistência de vários tipos, para eles se tornarem talvez a geração que dará o salto qualitativo deste país. Mas houve este golpe vagabundo e há risco até de se limitar os gastos com educação!!!
Infelizmente, a escola pública em vários níveis não dá conta disso, por enquanto. Mas temos que perseguir isso. As escolas básicas só podem ter no máximo 20 crianças por sala. Temos que criar mutirões nas escolas públicas para reformar, pintar, decorar.  Chamar a comunidade escolar, pais e parentes dos alunos, a contribuir como puderem. 
Em suma, tentar caminhos institucionais para se ir mudando aos poucos determinadas realidades através daquilo que vem de nós. O melhor de nós. Afinal, não somos organizados para fazer festas? Então nos organizemos, enquanto sociedade civil, para acolher essas crianças! Cada brasileirinho hoje é uma fonte de possibilidades abertas para florescer a nossa civilização.  Sim, a civilização brasileira. Que é uma entre várias, mas que como é a minha, eu faço questão que ela atinja suas melhores potencialidades.
Claro que não devemos esquecer de aumentar o salário dos professores até chegar ao patamar do que  recebiam na década de 60. É esse o padrão salarial que deve ser respeitado e do qual nunca devíamos ter saído.
E  o Brizola, sim, ele sempre pensava em educação. E pensava a sério. Não da boca para fora. Tirava realmente recursos do orçamento do estado para promover essa área. Desde sua época no governo do Rio Grande do Sul, quando espalhou as “brizolinhas” pelo interior gaúcho.
Hoje, mesmo que tenham desfigurado a proposta ao longo dos anos, seus monumentos chamados CIEPS pontuam a paisagem do Rio,  lembrando para a população que  basta querer, que essa idéia pode renascer.


Se não fizermos o caminho, não chegaremos lá.