Tenho que procurar ir pelo menos uma vez por semana em um
templo humanista chamado cinema. Nos
últimos tempos, geralmente não consigo. Mas sei exatamente o tipo de filme que gosto. E quando vejo um desses, fico desgustando as experiências que ele me
trouxe. Ettore Scola, um dos meus diretores preferidos, que foi-se há pouco
daqui, definiu o cinema mais ou menos como “aduas horas nas quais na escuridão e no silêncio, anjos e
demônios disputam a nossa alma”. Portanto, a frequentar cinema é sim como uma
espécie de religião, visto que promove que a gente saia do nosso mundo pessoa “para
ocupar-se com qualquer coisa maior”. E
nos bons filmes, há sempre uma injeção de humanismo e transcendência.
Isso porque os grandes filmes, como os grandes romances, seu processos de
aprendizagem que fazem a gente verificar a nossa subjetividade, vivendo aquelas
emoções, interpretadas por outros, que
nos fazem sentir aquelas sensações de modo a pensar sobre elas.
Por esta razão, os bons filmes são os que tem pelo menos
dois planos, senão três: o enredo, a forma como é contado, ou seja a narrativa,
e as múltiplas leituras que ele suscita. Cada um o assiste com seu repertório. E com ele dialoga agonisticamente com o que
está assistindo
O filme, “O Quarto de Jack” é uma grande obra neste sentido,
ao contar uma história triste que se repete infelizmente desde o início dos
tempos, tendo como vítimas garotas. Mas este lugar é percorrido sob o ponto de
vista de um menino. Uma mãe se desvelando para criar um mundo em um minúsculo
quarto, sob o ponto de vista de seu filho.
Cenas geniais, fotografia comprometida
com a narrativa e grandes atores em cena. O mais puro cinema, abrindo boas perguntas sobre essa fascinante aventura da maternidade sob o ponto de vista de uma criança.
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