Dia 19 de fevereiro, levei Agatha, minha filha para a
inauguração de uma unidade do Pedro II, escola pública de excelência do Rio de
Janeiro, onde, por obra da pura sorte, ela vai estudar a partir deste ano.
Foi sorteada. Ela e mais um total de no máximo umas 500
crianças.
Fiquei emocionada no saguão simples. Sem regalias. E
encantada com as salas de atividades que ela vai ter oportunidade de desfrutar
em seu aprendizado: sala de música, sala de literatura, sala de computadores,
sala de ciências.
Ela amava o CEAT, a escola onde estava. E creio só se
convenceu que era uma boa ir para o Pedro II por conta dos esfuziantes
parabéns que recebemos. Entendeu que devia ser algo muito bom.
Somos umas das poucas famílias brasileiras a desfrutar
do benefício de ter uma escola pública, de qualidade, com professores
dedicados, valorizados e uma estrutura sóbria,
modesta, mas com tudo que uma criança precisa para gostar de aprender.
Queria que houvesse Pedros II para TODAS as crianças
brasileiras.
Agradeço muito a oportunidade que minha filha recebeu.
Mas a verdade é que a própria existência de uma instituição
como o Pedro II demonstra que sabemos como se faz uma educação pública de
qualidade. Ou seja, não existe mágica e fórmulas milagrosas. É desse
jeito: corpo docente com bom plano de
carreira e valorizado, estrutura, etc. Não sei como o Pedro II conseguiu se
manter e o “Julinho” em Porto Alegre, não.
O primeiro é federal. O segundo estadual. Mas e aí? Aplicando a
racionalidade funcional de um consultor de gestão: basta replicar os
procedimentos. E, óbvio: os recursos.
Sei que lá dentro as lutas existem para garantir que ele
siga assim. E melhore. E talvez é isso que tenha faltado nas demais escolas
públicas: não deixar a peteca cair. Os pais de classe média foram tirando seus filhos quando as escolas foram piorando.
E o problema, não sendo mais deles, foi seguindo ladeira abaixo.
Sempre achei que se tivesse filhos tentaria colocá-los em
escola pública para assumir também o compromisso de resgatá-la. Mas trabalho
muito. Avaliei, quando a Agatha nasceu, que não teria tempo para isso. E é mais
cômodo mesmo a gente encaminhar nossos filhos para as escolas particulares.
São várias as lutas que a gente deve travar cotidianamente. E
esta eu não ia conseguir dar conta por conta do tempo e dedicação que seria
necessário e por envolver ela.
Sim, porque eu tenho a possibilidade da escolha. Mas milhões
não têm.
Por outro lado, com a
quantidade de impostos que a classe média paga neste país, como ela tolera ter
perdido este serviço essencial, topando pagar fortunas para garantir um bom futuro educacional para seus filhos? Por que ela se retirou desta luta?
Sim, educação é um serviço essencial. E no estágio
demográfico que está o país, não há nada mais importante para se investir.
Nenhum PAC da vida se iguala à estratégia
embutida em um governo que prioriza a educação: investir nas pessoas e,
sobretudo, nas crianças.