Sinto pena que o Brizola tenha decidido partir dessa para
melhor no início do Governo Lula porque ele teria sido um farol para evitar
esses desastres políticos proporcionados pelo PT em seus últimos mandatos e
talvez mais sábio em lidar com as manobras golpistas que vicejam no ambiente
político brasileiro. Diga o que quiser
do Brizola, mas era corajoso. Ele não
foi bom na construção de um partido. E, além disso, foi golpeado. Roubaram dele
a sigla PTB, mas se não fosse um político grandioso, o próprio PDT não
teria vingado.
Temos o exemplo dos vizinhos argentino, onde os Kirchner, mesmo
acossados, sempre seguiram adiante. Aprofundaram sua plataforma política onde puderam.
Recentemente, um colega argentino me disse que ela simplesmente “estatizou” a
ferrovia. E olha que o ambiente político
argentino estava contaminado pelo assassinato do promotor, o negócio andava
pesado e polarizado. Mesmo assim La Kirchner
foi adiante. Aqui a polarização grassa e o que vemos é o pessoal entregando os
pontos. Detestável.
Tem que olhar em perspectiva. Pensar adiante.
Por exemplo, agora estamos em uma espécie de janela demográfica.
A tarefa mais importante de qualquer grupo que esteja no poder hoje é
simplesmente encontrar alguma forma de enfiar todas as crianças vulneráveis em
escolas, dá-las assistência de vários tipos, para eles se tornarem talvez a
geração que dará o salto qualitativo deste país. Se não nos golpearem novamente,
é claro.
A escola pública em vários níveis não dá conta disso, por
enquanto. Logo, temos que incentivar temporariamente que abram-se bolsas pagas
pelo estado em escolas particulares para alunos de escolas públicas até que existam turmas de no
máximo 20 crianças nas públicas, podendo melhorar a qualidade do atendimento
delas e melhorar as condições de trabalho dos professores.
Criar mutirões nas escolas públicas para reformar, pintar,
decorar. Chamar a comunidade escolar,
pais e parentes dos alunos, a contribuir como puderem.
Em suma, tentar caminhos institucionais para se ir mudando
aos poucos determinadas realidades através daquilo que vem de nós. O melhor de
nós. Afinal, não somos organizados para fazer festas? Então nos organizemos,
enquanto sociedade civil, para acolher essas crianças! Cada brasileirinho hoje
é uma fonte de possibilidades abertas para florescer a nossa civilização. Sim, a civilização brasileira. Que é uma
entre várias, mas que como é a minha, eu faço questão que ela atinja suas
melhores potencialidades.
Claro que não devemos esquecer de aumentar o salário dos
professores até chegar ao patamar do que recebiam na década de 60. É esse o padrão salarial
que deve ser respeitado e do qual nunca devíamos ter saído.
E o Brizola, sim, ele
sempre pensava em educação. E pensava a sério. Não da boca para fora. Tirava
realmente recursos do orçamento do estado para promover essa área. Desde o
governo do Rio Grande do Sul. Na época as escolas do Brizola se espalharam pelo interior
gaúcho. Hoje, mesmo que tenham desfigurado a proposta ao longo dos anos, seus
monumentos chamados CIEPS pontuam a paisagem do Rio, lembrando para a população que basta querer, que essa idéia pode renascer.
Se não fizermos o caminho, não chegaremos lá.