quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A China

Tenho um fascínio infantil pela China. Infantil porque começou quando eu deveria ter quatro ou cinco anos, graças à comida chinesa. Íamos a um restaurante no Bairro da Liberdade, em São Paulo. Ir à Liberdade na década de 70 era ir a um outro mundo. A feira, as lanternas vermelhas. Os jornais com letras diferentes.   
E lá íamos no tal restaurante chinês bem na praça. Com paredes de laca e mesas grandes de madeira. Eu tinha nos pratos uma comida colorida e saborosa. E entravam muitos chineses. Famílias chinesas. E iam sempre para o andar de cima do restaurante. Nunca ficavam no térreo, onde nós ficávamos.  Morria de curiosidade de ver o que tinha no andar de cima. Por que eles iam para lá?  Por que nunca íamos.  Imaginava que tinha festas coloridas. Creio.
O que me lembro é que um dia eu resolvi subir as escadas e ver com meus próprios olhos o que havia lá. Imagina, para uma criança pequena subir as escadas de um restaurante era uma aventura e tanto.  E  não é que eu, pé depois de degrau, consegui chegar no penúltimo?  Mas,  um arroubo de vergonha e medo veio e eu, não consegui ultrapassar aquela fronteira imaginária que me lançaria no mundo misterioso daquele povo de olhos puxados.


Depois veio o Henfil na China. E aí a história ficou verdadeiramente séria.

Nenhum comentário: