Tenho
um fascínio infantil pela China. Infantil porque começou quando eu deveria ter
quatro ou cinco anos, graças à comida chinesa. Íamos a um restaurante no Bairro
da Liberdade, em São Paulo. Ir à Liberdade na década de 70 era ir a um outro mundo.
A feira, as lanternas vermelhas. Os jornais com letras diferentes.
E
lá íamos no tal restaurante chinês bem na praça. Com paredes de laca e mesas
grandes de madeira. Eu tinha nos pratos uma comida colorida e saborosa. E entravam
muitos chineses. Famílias chinesas. E iam sempre para o andar de cima do
restaurante. Nunca ficavam no térreo, onde nós ficávamos. Morria de curiosidade de ver o que tinha no
andar de cima. Por que eles iam para lá?
Por que nunca íamos. Imaginava que
tinha festas coloridas. Creio.
O
que me lembro é que um dia eu resolvi subir as escadas e ver com meus próprios
olhos o que havia lá. Imagina, para uma criança pequena subir as escadas de um
restaurante era uma aventura e tanto.
E não é que eu, pé depois de
degrau, consegui chegar no penúltimo?
Mas, um arroubo de vergonha e
medo veio e eu, não consegui ultrapassar aquela fronteira imaginária que me
lançaria no mundo misterioso daquele povo de olhos puxados.
Depois
veio o Henfil na China. E aí a história ficou verdadeiramente séria.
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