Sem pejo de não atender às reclamações de seus vizinhos de que maneirasse nos barulhos e festas semanais que faz em seu estabelecimento sem tratamento acústico, François Delort, o dono do Hotel Santa Teresa, resolveu apelar para um juiz para impedir que seus vizinhos fizessem uma ação barulhenta em protesto contra seu descaso com a boa vinhança.
É interessante pensar o que se passa na cabeça desse juiz. Pode fazer manifestação, mas desde que seja silenciosa.
Onde já se viu manifestação silenciosa?
E esse cidadão francês, autor da ação, parece jogar no lixo toda a história de "droit des hommes" tão cara a seu país. Afinal, direito a se manifestar faz parte de uma das cláusulas pétreas dessa magnífica regulação, tão cara às lutas sociais do século XIX, XX e XXI....Este direito continua sendo, de fato, um fator de disputa, dependendo do país, mas o curioso é estarmos em um país dito democrático onde um juiz pode se dar o direito de impedir uma manifestação pública.... ferindo a nossa Constituição....
Bom, digamos que Delort agora colocou sua batata para arder. A vizinhança já o via com enorme desconfiança depois que ele demoliu um dos prédios mais antigos do bairro, reconstruíndo-o com um gabarito maior, ou seja, ocupando muito mais área construída de seus terreno, ferindo a legislação e, ainda por cima, tapando a vista de seus vizinhos.
Conta-se que ele simplesmente não resolve esse problema do barulho porque seu sistema de ar condicionado não funciona bem. Ora, mande consertar! Para quem gastou uma banana para fazer a demolição e reconstrução do hotel, essa parte do ar condicionado e do tratamento acústico não poderia ser deixada como detalhe. A não ser que ele realmente, como de fato demonstra, não dê a mínima para a boa vizinhança. Seu negócio é manter relação com a Coligação de Favelas de Santa Teresa que selecionou para ele os 80 funcionários do Morro dos Prazeres que trabalham no hotel. É uma questão de aritmética. Enquanto a "representativa" Coligação de Favelas defende o direito de seus 80 funcionários, que se lixem os seus vizinhos, menos afeitos às "migalhas" de sua política de "boa ação social". Que fiquem eles aguentando os barulhos de seus clientes, transmitidos diretamente pelas janelas abertas de seu estabelecimento chique, onde um hamburguer custa R$ 90 reais.
Me dei conta que essa luta curiosa contra o Delort em pleno "Ano da França no Brasil" expressa bem como funciona a nossa sociedade atualmente. Os ricaços fazem alianças com os escroques estrangeiros para desfrutarem do que supostamente é "chique" no mundo, dão migalhas em forma de "projetos pontuais", estilo ONGs, para as classes populares, fazem o maior marketing disso (sim porque supostamente o Canal Plus francês está fazendo um documentário sobre as "boas ações do Delort") e a classe média esmagada e politizada(que é este o caso de que se trata), que fique de bico fechado....pare de incomodar!
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4 comentários:
Debora,
Você tem toda razão quanto a este escroque que invadiu Santa Teresa para pilhar seus moradores.
Este "salafra" vende a bacanas e endinheirados, oriundos das mais diversas partes da cidade, também do país e do mundo, um produto raro no Rio de Janeiro, a tranquilidade de um bem cuidado e, a muito custo conservado, casario do final do século XIX e início do XX.
Pergunto: quem investiu durante décadas na conservação do bairro? Quem lutou e luta para que se conserve aprazível e calmo no meio da urbe transloucada?
A resposta é só uma: os moradores. Exclusivamente os moradores. Mesmo quando houve e há investimento público, se dá por demanda e pressão dos moradores.
Agora veja, vem um sujeito que nunca investiu nada no local e que não tem nenhuma relação com a história do bairro, e se sente autorizado a vender para terceiros esta rara preciosidade.
O fato que se destaca é que este meliante se arvora um "investidor no desenvolvimento do bairro", pelo fato de haver comprado um hotel antigo. Só que age como um predador e destruidor do ambiente. Incapaz de enxergar valor histórico e cultural no imóvel, demolindo-o, põe por terra um patrimônio arquitetônico.
Após o fim de sua "primeira obra de desenvolvimento", institui e promove a poluição ambiental com ruídos, agredindo a todos os vizinhos e circundantes. Não respeita os mais antigos do local, não aceita limites, não acata regras sociais, legislação ou qualquer outro traço de civilidade.
É evidente que tal troglotida, que deve supor-se vivendo no tempo das cavernas, deseja fazer com que sua vantagem econômica seja uma clava mortal para a cidadania e o direito coletivo. Um instrumento capaz de instituir nos tempos atuais, em pelo 2009, a "lei do mais forte", a mais valia do poder econômico.
Para garantir apoios na cidade, trabalha para atrair a elite econômica deslumbrada, abastados que não acreditam no igualdade entre cidadãos, que não aceitam que todos têm os mesmos direitos. Podemos dizer que este sujeito sem escrúpulos pretende perpetar em Santa Teresa, afrontando as tradições do local, uma cidadela de corrupção de valores éticos e sociais.
Sem caráter, não tem vergonha de mentir e alega que os moradores atuam por xenofobia, falseando a verdade, contrariando o fato histórico da convivência pacífica e respeitosa que existe entre todos os estrangeiros residentes, ou de passagem, no bairro.
Como as autoridades do estado, são omissas, não respondem as demandas dos moradores e, ainda, tem a falta de pudor de frequentar o estabelecimento, só restou aos moradores o recurso legítimo do protesto.
Para surpresa de todos, até neste âmbito, imiscuiu-se o farsante, acionando por meio de mentiras um juiz de plantão, levando-o a proferir liminar que proíbe uma manifestação que ainda se encontrava no âmbito do planejamento.
A permanência do atual estado de fatos representa um conjunto de afrontas aos direitos fundamentais de todos nós residentes, não no bairro de Santa Teresa, não na cidade do Rio de janeiro, não no Estado, mas em todo o país. As ações que estão em curso afrontam os capítulos fundamentais de nossos direitos constitucionais.
Hotel Santa Teresa é um emblema do anti-desenvolvimento, daquilo que é vil, que degrada o meio ambiente, que corrompe os valores da sociedade.
Venho participando desta contenda contra o François Delort desde o principio, e tendo participado também na troca de e-mails sobre como combater a desordem promovida por este senhor em nosso bairro, sendo mesmo o sugerente do panelaço, o qual acho que deve ser feito - com as cores da AMAST, que é maior que nós indivídualmente, e tem apenas o rosto de Santa Teresa, pessoas que brigam pela manutenção do bairro residencial como tal, em nenhum momento vi alguém fazer alguma manifestação xenófoba ou preconceituosa contra o François Delort. Ele andou fazendo um corte e cola de e-mails de tres anos atrás, e sugiro que nós que estamos descontentes com este caso ponhamos à dispoosição da justiça a totalidade de e-mails sobre esta presente discussão sobre o barulho, para mostrarmos como este senhor aje de má fé e mentirosa.
Daniel Willmer
Fui surpreendido duplamente com essa denúncia feita, ao mesmo tempo, no facebook e no O DIA on line. A postagem feita por uma amiga, Eugenia Rodrigues, a quem muito admiro pela imensa contribuição que há anos dedica à cultura dessa nossa cidade. Certamente essa inspiração que alimenta Eugenia vem, em grande parte, dessa vizinhança qualificada que Santa Teresa proporciona. Se a minha primeira surpresa caminhou junto com a imagem contida na denúncia a segunda perplexidade caminhou junto com a resposta que obtive ao sugerir que Eugenia procurasse fortalecer sua denúncia junto à AMAST. A resposta, em tom melancólico deixava transparecer que nada podia ser feito, pois a AMAST se julgava impotente frente ao poderoso dono do citado Hotel. Caramba!!! Será que é isso mesmo?!!! Uma coletividade inteira subjugada à tirania de um estrangeiro. Acho que mais do que chegou a hora de aprontar uma boa reação a essa violência a todos os direitos contidos na nossa Carta Magna. Enfim, que ao Monsieur Delort seja reservado o mesmo destino dado ao seu conterrâneo Nicolas Durand de Villegagnon.
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