quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tacanhice da mídia brasileira II

quarta-feira, 30 de setembro de 2009, 08:39 | Online

Reprodução da reprodução que o Estadão faz de matéria da Time sobre o Brasil...
Para uma das leitoras, a matéria da Times era ainda mais elogiosa... Isso confirma a hipótese de que fora a mídia brasileira, o resto do mundo aplaude o "abrigo" de Zelaya na embaixada brasileira em Tegucicalpa....

Para 'Time', Brasil é 'primeiro contrapeso real aos EUA no Ocidente'

Revista americana diz que Lula se tornou 'o mais efetivo intermediário entre Washington e a esquerda anti-EUA na região'.


- Uma reportagem publicada nesta quarta-feira na edição online da revista americana "Time" diz que, ao mediar a crise hondurenha, o Brasil se tornou "o primeiro contrapeso real" à influência americana "no hemisfério ocidental".

Considerando que o Brasil foi "trazido" para o coração do imbróglio pelos vizinhos, mais especificamente pela Venezuela do presidente Hugo Chávez, a revista diz que "Brasília se vê no tipo de centro das atenções diplomático do qual no passado procurou se afastar".

Entretanto, diz a "Time", o país "não deveria se surpreender" com o fato de ser chamado a assumir tal responsabilidade.

Para a publicação americana, "nos últimos anos, a potência sul-americana tem sido reconhecida como o primeiro contrapeso real aos EUA no hemisfério ocidental - e isto significa, pelo menos para outros países nas Américas, assumir um papel maior e mais pró-ativo em ajudar a resolver distúrbios políticos do Novo Mundo, como Honduras".

"Lula e Obama são colegas e almas gêmeas de centro-esquerda, mas quando Obama disse, no mês passado, que aqueles que questionam sua resolução em Honduras são hipócritas, porque são 'os mesmos que dizem que nós estamos sempre intervindo na América Latina'", recorda a reportagem, "ele estava incluindo o Brasil, que expressou sua preocupação em relação aos esforços dos Estados Unidos".

Diplomacia ativa

Citando a participação brasileira em crises regionais, como os conflitos diplomáticos envolvendo Colômbia e Venezuela, e a liderança das tropas do país no Haiti, a revista nota que a diplomacia brasileira é "dificilmente ociosa" na América Latina. "E Lula, um dos mais populares chefes de Estado do mundo, se tornou talvez o mais efetivo intermediário entre Washington e a ressurgente esquerda antiamericana latino-americana".

A reportagem discute a preferência da diplomacia brasileira por atuar nos bastidores, e sua autodefinição como sendo "decididamente não-intervencionista".

"Ao mesmo tempo, Lula está em uma cruzada para tornar o Brasil, que tem a quinta maior população mundial e a nona economia do mundo, um ator internacional sério", diz o texto.

"É difícil manter uma tradição não-intervencionista pristina com ambições como estas - e, cada vez, o hemisfério está dizendo ao Brasil que é um tanto ingênuo insistir que é possível fazer as duas coisas."

Para a "Times", "goste ou não, agora o Brasil está enfiado até o pescoço em Honduras, e o hemisfério está esperançoso de que isto signifique melhores prospectos para um acordo negociado entre Zelaya e os líderes golpistas".

"Porque acreditam que o golpe hondurenho envia um recado perigoso para as nascentes democracias da região, muitos analistas acham que ter o peso do Brasil jogado mais diretamente na situação pode ajudar as negociações." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Honduras e a tacanhice da mídia brasileira

Talvez não tenha surgido caso tão emblemático da tacanhice da mídia brasileira do que a cobertura que o PIG (Partido da Imprensa Golpista) está dando para o caso de Zelaya, hoje abrigado na Embaixada Brasileira localizada na capital do país para o qual foi legitimamente eleito presidente. Pretendendo uma suposta objetividade , acabei de ver a jornalista da Record entrevistando, ou melhor, metralhando o chanceler Celso Amorim sobre a "intervenção" do governo brasileiro nos assuntos internos de Hondura.
A mulher chegava a estar nervosa. Mal disfarçando uma certa raiva expressa nas perguntas que fazia, obrigou Amorim repetir mais de uma vez que, para o Brasil e toda a comunidade internacional, o presidente legítimo de Honduras era Zelaya, o que justificava o fato de a Embaxada Brasileira em Tegucicalpa ter aberto as portas para abrigá-lo. A insistência da jornalista em afirmar os pontos de vista dos que indisfarçavelmente consideram que o governo de Micheletti tem algum traço de legitimidade acabou fazendo Amorim dar a entender que esse tipo de questão só a mídia brasileira vinha colocando.
Eis um exemplo de como o rapto do horizonte social é feito na sociedade brasileira por uma mídia tacanha que já há algumas décadas patrocina golpes de formas variadas.
Mas poucas vezes a sociedade consegue se dar conta disso. São poucos os momentos que eles se auto-denunciam com tanta veemência. É só porque a comunidade internacional está do lado do Brasil que isso fica evidente.
Enquanto não houver "pluralismo regulado" na mídia brasileira não se pode falar que existe liberdade de imprensa. Segundo a definição de John Thompson, trata-se do estabelecimento de uma estrutura institucional que abriga e garante a existência de uma pluralidade de independentes organizações de mídia. É um princípio que leva a sério a tradicional ênfase liberal na liberdade de expressão e na importância de sustentar as instituições de mídia independentemente do poder do estado. Mas é um princípio que também reconhece que o mercado deixado a si mesmo não pode garantir necessariamente as condições de liberdade de expressão e promover a diversidade e o pluralismo na esfera da comunicação.
"O princípio sugere a descentralização dos recursos nas indústrias da mídia: a tendência para uma crescente concentração de recursos deveria ser controlada e se deveriam criar condições tanto quanto possíveis, para o crescimento de independentes organizações de mídia. Isto exige não somente uma legislação restritiva – isto é, que limite as fusões e outros tipos de cartéis entre as indústrias da mídia – mas também uma legislação que crie condições favoráveis para o desenvolvimento de organizações da mídia que não façam parte dos grandes conglomerados já existentes.
A intervenção legislativa nas indústrias da mídia deveria ser vista não comente como meio de truncar o excessivo poder dos grandes conglomerados, mas também como meio de facilitar o desenvolvimento de novos centros de poder simbólico fora da esfera de controle dos conglomerados e de suas redes de produção e intercâmbio".
Enquanto a mídia brasileira for propriedade de umas 10 famílias com interesses altamente vinculados aos grupos economica e politicamente dominantes, aspectos da realidade brasileira e do nosso horizonte social simplesmente não irão fazer parte do dia a dia da população e não teremos como amadurecer como sociedade, discutindo os problemas que realmente interessam. Vamos simplesmente continuarmos "presas" dos golpes simbólicos aprontados pelos funcionários dessas organizações.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Bonde fora dos trilhos:Justiça Estadual e Federal dão ganho de causa à AMAST duas vezes

Justiça dá ganho de causa para a Amast no Ministério Público e na Justiça Federal

Em menos de uma semana, dois processos promovidos pela Amast (Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa), um na Justiça Federal e outro no Ministério Público Estadual, tiveram decisões favoráveis para as demandas da Amast. E isso sem considerar a decisão do TCE (Tribunal de Contas do Estado) que declarou ilegal o contrato da Central, empresa estadual que administra o bonde, com a T-Trans, empresa privada contratada para transformar os bondes em VLT(Veículo Leve sobre Trilhos), que na verdade é um trem, não um bonde.
No dia 20 de agosto, a Justiça Federal determinou a imediata paralisação da circulação de VLTs “Franksteins” e de seus “testes” com a população do bairro e os turistas, até que as partes envolvidas: a a Central, a T-Trans, apresentem o projeto de modernização, e o Inepac (órgão estadual por onde foi tombado o bonde em 1988) e o Iphan (responsável pelo tombamento dos Arcos da Lapa) se manifestem sobre o atendimento à legislação que rege o tombamento dos bondes, em função de eventuais danos causados pelos novos bondes, mais pesados do que os tradicionais nos Arcos da Lapa. Já 3ª Vara de Fazenda Pública do Estado do Rio, em atendimento à ação pública movida pela Amast desde 2004, determinou em 24 de agosto, que o governo estadual pague indenização por desrespeitar o tombamento no processo de modificação dos bondes. A sentença ainda proíbe que se continuem fazendo intervenções irregulares nos bondes para transformá-los em VLTs e ordena a restauração dos bondes nos moldes tradicionais em 60 dias e, da oficina, em 120 dias, incluindo a recuperação da rede aérea, da vida permanente e do gradil dos Arcos da Lapa, sobe pena de multa diária de R$ 50 mil. Ela determina também a reforma das estações Carioca e Curvelo.
É pena que tenha que ter havido a morte da professora Andrea de Jesus Resende, a jovem de 28 anos, morta no acidente ocorrido no domingo, dia 16/08, para que essas decisões judiciais tenham sido tomadas. Mas estas sentenças demonstram a correção das denúncias, das mobilizações, dos abaixo-assinados constantes realizados pelos moradores e amigos de Santa Teresa com referência ao uso dado pelo governo estadual para os 24 milhões obtidos do Banco Mundial para fazer uma reforma completa do sistema de bondes do bairro, patrimônio público do povo do Rio de Janeiro.
Ou seja, as alegações do governo estadual que os VLTs foram tirados dos trilhos até que se organize o trânsito de Santa Teresa é falsa. O governo estadual está obedecendo a determinações judiciais que condenam a reforma insegura e onerosa dos bondes promovida pelo governo estadual. É também falso a recorrente alegação do Secretário Júlio Lopes e de seu subordinado Fabio Tepedino de que não são mais fabricadas as peças dos bondes antigos. Há vários fornecedores de peças para o bonde. Um deles até alegou para moradores do bairro que “adoraria ser o único”. Trata-se de peças de fácil fabricação. Basta ter um torno para produzi-las.
A AMAST AGORA EXIGE QUE O GOVERNO ESTADUAL CUMPRA EMERGENCIALMENTE COM AS SENTEÇAS JUDICIAIS PROFERIDAS PELA JUSTIÇA REAPARELHANDO A OFICINA E REFORMANDO OS QUATRO BONDES TRADICIONAIS QUE ESTÃO PARADOS NA GARAGEM.