A falta da coragem política e a educação
Por Débora F. Lerrer
Como faz
falta a coragem política, ou o que Gramsci chamava de “jacobinismo na ação” no
cenário nacional, hoje coalhado de medíocres políticos.
Sinto pena que o Brizola tenha decidido
partir dessa para melhor no início do Governo Lula por que ele teria sido um
farol para evitar esses desastres políticos proporcionados pelo PT em seus
últimos mandatos e talvez mais sábio em lidar com as manobras golpistas que
vicejam no ambiente político brasileiro. Diga o que quiser do Brizola,
mas era corajoso. Não foi bom na construção de um partido. E, além disso,
foi golpeado. Roubaram dele a sigla PTB, mas se não fosse um político
grandioso, o próprio PDT não teria vingado.
Tem que olhar em perspectiva. Pensar
adiante.
Por exemplo, agora estamos em uma espécie
de janela demográfica. A tarefa mais importante de qualquer grupo que esteja no
poder hoje é simplesmente encontrar alguma forma de enfiar todas as crianças
vulneráveis em escolas, dá-las assistência de vários tipos, para eles se
tornarem talvez a geração que dará o salto qualitativo deste país. Mas houve
este golpe vagabundo e há risco até de se limitar os gastos com educação!!!
Infelizmente, a escola pública em vários
níveis não dá conta disso, por enquanto. Mas temos que perseguir isso. As
escolas básicas só podem ter no máximo 20 crianças por sala. Temos que criar
mutirões nas escolas públicas para reformar, pintar, decorar. Chamar a
comunidade escolar, pais e parentes dos alunos, a contribuir como
puderem.
Em suma, tentar caminhos institucionais
para se ir mudando aos poucos determinadas realidades através daquilo que vem
de nós. O melhor de nós. Afinal, não somos organizados para fazer festas? Então
nos organizemos, enquanto sociedade civil, para acolher essas crianças! Cada
brasileirinho hoje é uma fonte de possibilidades abertas para florescer a nossa
civilização. Sim, a civilização brasileira. Que é uma entre várias, mas
que como é a minha, eu faço questão que ela atinja suas melhores
potencialidades.
Claro que não devemos esquecer de aumentar
o salário dos professores até chegar ao patamar do que recebiam na década
de 60. É esse o padrão salarial que deve ser respeitado e do qual nunca
devíamos ter saído.
E o Brizola, sim, ele sempre pensava
em educação. E pensava a sério. Não da boca para fora. Tirava realmente
recursos do orçamento do estado para promover essa área. Desde sua época no
governo do Rio Grande do Sul, quando espalhou as “brizolinhas” pelo interior
gaúcho.
Hoje, mesmo que tenham desfigurado a
proposta ao longo dos anos, seus monumentos chamados CIEPS pontuam a paisagem
do Rio, lembrando para a população que basta querer, que essa idéia
pode renascer.
Se não fizermos o caminho, não chegaremos
lá.
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