É efetivamente preocupante vir estampado nos jornais da mídia hegemônica a visão do atual presidente da Associação Nacional dos Jornais", Marcelo Rech, que atribui aos membros deste grupo, os maiores conglomerados de mídia comercial do Brasil, a capacidade de serem "certificadores profissionais da realidade".
Sei que estamos em plena disputa de narrativas: "golpe" e o "não é golpe". E é justamente por isso que eles perderam esse lugar de "certificadores". Eu e muitos que pensam como eu não vêem suas idéias e percepções difundidas também por eles. É tão evidente a manipulação deste grupo de famílias que faz parte da Associação Nacional dos Jornais"(ANJ) sobre o que para eles é a realidade política deste país que eles deixaram de ser referência para mim. Eu não vejo boa parte da realidade política deste país expressa nestes jornais. A realidade que eles criaram não corresponde a que eu vejo.
Um amigo meu, jornalista espanhol, Bernardo Gutiérrez, percebeu isso durante a campanha de reeleição do Lula, em 1996.
Tudo bem. Muitos vão dizer que eu sou uma pessoa militante, de esquerda, etc., mas essa é que era a graça. Antigamente, mesmo minoritariamente, a gente via "notícias", ou seja, fatos construídos como dignos de serem vistos e difundidos, que correspondiam ao que eu, enquanto cidadã de coloração de esquerda mais ou menos assistia. Com graves deslizes, como a "degola" que não houve no conflito da Praça da Matriz, em 1990, mas geralmente, correspondia.E eu continuava a lê-los.
Hoje nem me dou ao trabalho.
Compro jornal de vez em quando, e uma vez por semana para saber as estréias de cinema. E como eu, vários desistiram.
Sempre foi pelo cinema que eu lia jornais. Voltei a lê-los pelo cinema e nada mais.
Mas realmente é muito pouco para uma função importante e pública que infelizmente esta turma da a ANJ não respeita mais.
Òbvio que em tal desvantagem, o meu lado, "esquerda" de vários matizes, também deve apelar para distorções aqui, acolá. Mas geralmente estou confiando mais neles.
Pois eles traduzem algumas coisa que eu realmente experiencio na minha realidade circundante, ou melhor, nas percepções da realidade que eu compartilho com vários de vocês.