quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Bondes e Santa Teresa, 115 anos

O vazio das ruas de Santa Teresa sem os bondinhos é profundo.
Mas estamos preenchendo isso, ocupando as ruas em seu nome.
Os moradores descendo o morro e se aglomerando na Estação Carioca. Gritos de ordem espontâneos, como tem sido espontânea a manifestação do bairro depois da tragédia do dia 27 de agosto. Ocupamos o Largo do Carioca. Aquele antigo lugar que viu toda a história dessa cidade passar nos viu hoje experimentando o fazer cotidiano da história. É bom sentir isso. A história não se acabou não!
As propostas foram aprovadas por aclamação na Plenária do dia 31.
É um privilégio viver em um lugar onde a nossa indignação se transforma em ação.
E iremos, sim, adiante. Em nome de todas as vítimas e, particularmente, do Seu Nelson, que paira sobre nós com seu sorriso simpático, sua gentileza e seus indefectíveis suspensórios.
Acho que hoje nós pudemos enfim expressar nossa indignação. Extravasamos, nos reconectamos... a rua, enfim, ainda pode ser o grande palco da esfera pública.
Pois é nela que se processam os encontros e as marchas, as lutas.
Quantos séculos demoramos para chegar aqui e reconhecer como o mais legítimo, sim, a voz que vem das ruas. Ruas também construidas em redes sociais. Por que, não? Eles pensam que golpes midiáticos podem no silenciar.
Mas eles que nos aguardem. A primavera está chegando e com ela as energias vêm renovadas para as novas e necessárias batalhas. Há com ela uma nova geração, brotando.
Há algo, enfim, ressurgindo nessa cidade. Das cinzas do que foi outrora, creio eu.
Mas, dessa vez, NO PASSARAN!

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