O 1ª de Maio da candidata socialista foi comemorado com um showmicio, com diversos artistas populares franceses, no Estadio Charléty, do lado da Cité Universitaire e, mais precisamente do lado da Maison du Brésil, onde estou morando.
Saí de casa pensando em ir a uma passeata organizada pelas centrais sindicais francesas, como é de praxe em todo o 1º de Maio. Achava um programa importante, porque, afinal de contas, foram eles, os franceses, que inventaram essas passeatas para comemorar o Dia do Trabalhador. Na época, lá pelo ano de 1886, fazer passeata era um negócio proibido. Tinha ocorrido a Comuna de Paris fazia pouco mais de uma década e a polícia devia aparecer para descer um cacete. O que não impedia que fosse bastante festiva, talvez até mais do que hoje em dia, como detalha um texto clássico de Michele Perrot. Para ilustrar essa relação entre proibido, contravenção e luta política, temos o exemplo "francês do Petard", bombinha que eles adoram jogar em "manifs gentiles", mas que também é o nome dado para aquele cigarro de cheiro adocicado bastante consumido no Posto 9 carioca.
Como o showmicio da Ségolène era do lado da minha casa, achei por bem tentar entrar e ver como estava o clima.
Uns vizinhos que encontrei na rua tinha desistido. Tinha um bolo de gente para entrar. No caminho, vi que tinha a tal idefectível porta para a imprensa e, obviamente, apliquei a minha grande carteirinha internacional de jornalista.
Entrei, pensando que, que no mínimo, valia a pena ver como funcionavam esses bastidores de cobertura presidencial aqui na França.
O problema é que acabei não conseguindo sair... Simplesmente o Stade Chaterly tem capacidade para 40 mil pessoas e devem ter ficado umas 20 mil fora... Uma hora a massa de gente entrou no corredor que dava acesso à sala de imprensa e eu simplesmente não pude sair...
Mais tarde, quando já tinham conseguido empurrar a massa que queria entrar para fora dos portões, pude ver que inúmeros jornalistas estavam presos na multidão. Tinham que se expremer, tentar passar os equipamentos por cima do portão, para poder entrar. Resolvi, prudentemente, ficar onde estava.
O site do yahoo francês publicou que os portões se fecharam às 18 horas e um dos organizadores, Yvan Le Bolloch teve o papel ingrato de informar à multidão que não dava mais para deixar as pessoas entrarem porque o estádio estáva abarrotado. Vaiado pela multidão, ele resolveu brincar. "Da próxima vez, vamos pegar o Maracanã, que será mais simples", disse ele. " fazendo referência ao "mítico" estádio do Rio de Janeiro".
O curioso é que o estádio estava lotado somente para os "padrões de segurança" franceses. Até os que ficaram de fora puderam ver que ele não estava assim cheio até a tampa. E o pior: mal a candidata socialista começou a falar, uma pequena multidão começou um lento, mas indefectível movimento para sair do estadio, demonstrando que o discurso monocórdio da Ségolène não era bem a atração principal do programa.
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