Hoje "tomei posse" como servidora pública federal, mais especificamente, professora-adjunta do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Foi dura a batalha para chegar aqui. E bom conseguir.
Mas desde ontem, fiquei pensando se em outros países, quando o servidor público assume um cargo, o termo é relativo a este tão associado a questões fundiárias, de ocupação de espaços. Toma-se, essencialmente, posse de uma terra.
De qualquer modo, hoje passei a fazer parte do corpo docente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Esta universidade era o sonho do Policarpo Quaresma, o interessantíssimo, porém trágico personagem do grande Lima Barreto.
Não fossem as grilagens nas terras em volta da Avenida Brasil, talvez a Baixada Fluminense tivesse ficado parecida com o sonho agrícola daquele personagem. Assim Rural do Rio de Janeiro, quem sabe, teria se tornado efetivamente a realização daquele sonho do Lima Barreto.
Mas das lutas dos camponeses da Baixada Fluminense, desalojados por estes grileiros, que tomaram a força a "posse" legítima destas famílias que viviam do trabalho da terra, só sobrou a violência, pois a memória destas lutas vive soterrada nos escombros desta avalanche de grilagens permitida permissivamente pela ditadura militar e pelos cartórios e políticos locais, sempre de plantão e à sombra da especulação imobiliária.
quinta-feira, 1 de março de 2012
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